quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O complexo de “vira-latas”

         Por muito tempo em nossa curta história como uma Democracia de fato, ou seja, 20 e poucos anos, temos enfrentado as mais diversas, difíceis e delicadas situações políticas e econômicas. Desde que o Brasil se livrou do conluio estabelecido entre a sua ala militar e o Tio San, em 1985, os esforços vindos de governo e sociedade foram pela reestruturação e consolidação de diretrizes mínimas que pudessem guiar de maneira digna a vida de cada cidadão. Exemplos disso podem ser vislumbrados com a Carta de 1988 e o Plano Real. 
Obviamente, sabe-se que, em se tratando de um país-continente inserido em um sistema cultural contingente, nem tudo é um mar de rosas. Apesar disso, o brasileiro assistiu, nos últimos anos, a uma estabilização financeira e social, bem como a uma ascensão de seu país como Nação respeitada no cenário geo-político internacional.   Contudo, mesmo diante da melhora nas condições de uma maioria, que outrora nem refeição possuía, os esforços de alguns setores prezam por desacreditar a opinião pública, pintando a versão de um Estado e sociedade doentes, insistindo na tese de uma necessária cadeia evolutiva onde as Terras Tupiniquins – absortas na mais espúria corrupção - estariam bem longe do garbo e elegância do Velho Continente ou da máscara imponente do Titio Sam. Pois bem, esse velho complexo “vira-latas” não tem se justificado ultimamente.
No contexto de crise dos países que seguiram de modo irrefletido as diretrizes do famigerado e já ultrapassado Consenso de Washington, o Brasil se destaca por ter conseguido, de certo modo, uma blindagem no seu sistema econômico.  Tal fato não é de simples compreensão e envolve, sobretudo, o processo de estabilização da moeda e de criação do pleno emprego, esforços imprimidos por gestores competentes que passam pelo Estado desde a criação do Plano Real. Porém, a pior parte é assistir a tristeza que a grande mídia apresenta diante do crescimento econômico e da estabilização social pela qual passamos. Ao que parece, muitos formadores de opinião gostariam de estar imersos em um período de crise, com arrochos salariais, desemprego e, last but not least, uma desestruturação de todo o serviço público que o Estado tem por obrigação construir e manter.
Longe de nós estarmos em dia com as obrigações de reciprocidade entre governo e sociedade - só para lembrar, a zona do Euro não está e nos EUA isso não existe. Portanto, administrar 190 milhões de cidadãos é uma tarefa hercúlea e que encontra barreiras, sobretudo, na corrupção por parte dos gestores da coisa pública. Todavia, desacreditar totalmente os esforços do Estado e insistir na tecla da corrupção como se ela fosse uma epidemia da coisa pública, ou pior, do Brasil? Façam-me o favor “vira-latas”, sentem-se em cima de seus enormes rabos, voltem seus olhos para o mundo dito “Civilizado”, analisem a situação com um pouco de pragmatismo e depois apresentem propostas concretas e cabíveis. Pedir cabeças é fácil, difícil é ser cabeça e gerir uma máquina que, muitas vezes, não pode se esconder com a máscara do nobre cidadão de bem, o “vira-latas” de plantão. 

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